terça-feira, 8 de maio de 2018

Andrea de Volta à Brasília.


Andrea desce do avião ainda com o coração aos pulos, na boca.
Sai empurrando o carrinho em direção à fila de taxi.
No meio do caminho ele aparece, tenta empurrar o carrinho e você não deixa.
Olha para o alto, com cara de indignada, e com razão.
Como pode ter feito uma sacanagem dessas contigo a seis meses do casamento.
Ele insiste, põe uma mão no carrinho, e mesmo assim você continua a empurrar.
E ainda por cima, aquela cachorra posta tudo na internet, os dois na praia de Pajuçara, biquíni de biscate, selfie na cama, te chamando de "meu namorado, minha paixão".
Repassei para a sua mãe só para ela ver quem era o filho dela, o que fazia com a sua noiva.
Não adianta, vou de táxi!
Mas ele insiste, chegou no estacionamento, põe as malas no carro.
E agora? Mantive a aliança no dedo até agora só para poder tirar na tua frente e jogar na tua cara. Não tem vergonha? Aquela putinha?
Ele te olha com aquele olhar triste de arrependimento.
Você pela primeira vez o olha nos olhos, no fundo dos olhos castanhos.
Safado, castanhos de enganação, de sofrimento fingido.
Ele segura na sua mão esquerda com a mão direita , você tenta tirar, mas ele faz um olhar de súplica, de cachorro molhado.
A mão esquerda pega a sua direita e ele se aproxima, suspira fundo. Que cheiro bom...
Você dobra ligeiramente o pescoço e o olha de baixo para cima. Sem-vergonha, ele abre os lábios e suspira outra vez.
Aproxima-se, encosta corpo no seu corpo, você pensa em se desvencilhar, mas apenas sacode o cabelo para o outro lado.
Ele cheira seu pescoço, que abusado. Enfia o rosto nos seus cabelos, o braço direito aperta a sua cintura.
Você sente todo o corpo apertado contra o seu.
A mão esquerda passeia pelas suas ancas, você se desequilibra, cai de costas na cama, e fica sem reação. Apenas se lembra de soltar os cabelos que se esparramam abundantemente pelo lençol.
Ele se põe ao seu lado, beija seus olhos e delicadamente acaricia sua face.
Olha seu corpo na cama com cara de saudade/surpresa/admiração/desejo.
Sua boca se entreabre pensando inconscientemente num beijo, e parece que ele adivinha. As bocas ardem num beijo calmo, longo, prolongado.
O seu decote é um estorvo e um convite. Um dedo passeia pela borda do tecido, entra apertado até dar um arrepio de endurecimento.
Uma perna força a saia curta, apertada que sobe quase até a cintura.
A mão despudorada já invade a sua calcinha. Você pulsa por dentro, se aperta, se arrepia.
Ele brinca com seus olhos agora embaçados de desejo, olha bem no fundo e diz a primeira palavra desde que te encontrou no aeroporto:
Perdão meu amor.
Você se sente pulsar mais uma vez, e o agarra pelo pescoço e o puxa para si.
Beijo sôfrego, faminto,.
Livra-se rapidamente da irritante calcinha e verifica o sexo dele, o conduz.
Ah! Indescritível prazer, movimento, mexendo-se os dois como se fossem um.
E o movimento cada vez mais forte, mais alto, mais dentro de cada um, e vem o auge da felicidade.
Caídos os dois, exaustos, lado a lado ele te diz:
Te amo.
E você olha para cima e vê uma aranhinha tecendo sua teia na quina da laje branca com a parede verde-escuro do motel barato.
12/08/2016 - voo TAM 3688 Brasilia-Florianópolis.
Barama Oback da Silva.